Em entrevista à jornalista Myrian Clark no canal MyNews, nosso sócio Beto Vasconcelos falou sobre a proposta de criar uma comissão da verdade para apurar a gestão da saúde pública e da pandemia nos últimos anos.

Em sua visão, o número discrepante de vítimas, acima da média mundial, e uma série de ações deliberadas de autoridades públicas que atuaram na contramão dos protocolos de saúde mundiais, seriam motivos suficientes para uma investigação, apuração, registro, acesso à história, à verdade, com perenização em memoriais em homenagem às quase 700.000 vítimas. 

Mas para além do cenário trágico durante a pandemia, Beto fez questão de citar ainda, a sobrecarga gerada ao sistema público de saúde, em sua opinião, fruto de uma má administração durante a crise, e que criou a chamada “pandemia da pandemia”, demanda represada em diversos exames e cirurgias, e consequentemente, outra série de vítimas evitáveis. 

Distinguiu também que o propósito não seria se imiscuir nas competências da Justiça – a quem caberá a responsabilização penal, civil e administrativa – nem tampouco de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) – a quem coube a responsabilização jurídico-político. Mas sim, caberia à Comissão da Verdade, o descortinar dos fatos, a verdade, com registro e acesso público, a memória, para a justa responsabilização perante a História. 

“Cada pessoa não é um número, é uma pessoa cheia de sonhos interrompidos (…) com filhos, filhas, irmãos, irmãs, avós, mães e pais. (…) Nós não podemos esquecer disso não só porque aconteceu, é porque aconteceu da forma como aconteceu, infelizmente, pela ação deliberada de algumas pessoas irresponsáveis. Nós precisamos conhecer essa história e nós precisamos perenizar isso (…) Memória não é só sobre o passado, é também sobre o presente e sobretudo, sobre o futuro. Para que não permitamos repetições (…). É preciso fazer hoje, para que o amanhã não seja um novo ontem.”.